domingo, 27 de novembro de 2016

As tribos transgênero da Amazônia Colombiana

Essa e todas as outras fotografias são de Nelson Morales

Os Ticunas têm feito campanha pelo direito de expressar o seu gênero fluído e de serem vistos e admirados por outros, sem preconceitos.

A minha primeira experiência a fotografar tribos LGBT foi com as muxhes de Oaxaca, no México, de onde sou natural. Uma comunidade homossexual que tem uma ideia transcendente de gênero e assume uma identidade exageradamente feminina — baseada na busca constante pela beleza. Pode dizer-se que elas desenvolveram um "terceiro gênero". Fotografei o mundo delas durante vários anos.

Depois envolvi-me num projeto fotográfico na Amazônia Colombiana chamado 20 Fotógrafos Amazonas. Queria imergir na floresta, nas suas cores, nos seus mitos, nas suas lendas. Foi lá que descobri a tribo Ticuna, outra comunidade homossexual similar às "Muxhes de Oaxaca". 
Fiquei impressionado com a semelhança entra a sua cor de pele, como as duas tribos procuravam uma acentuação do excesso, e, acima de tudo, como as identidades das duas comunidades eram moldadas pelo desejo de se vestir de mulher.
foto de, Nelson Morales.
Os Ticunas têm feito campanha pelo direito de expressar o seu gênero fluído e de serem vistos e admirados por outros, sem preconceitos. Vêmo-los na floresta, a brincar no rio, a andar pelas ruas das suas aldeias, a acrescentar cor e sabor à região. A sua comunidade aceita-os. Uns trabalham, outros estudam com a ambição de um dia conseguirem um diploma, outros ajudam a família nas tarefas domésticas.
Há 15 anos nada disto poderia acontecer no Amazonas. Apenas recentemente, graças à influência dos meios de comunicação, a cultura queer conseguiu transformar essas comunidades. Queria criar retratos que transmitissem a energia que ali encontrei — sensual, transgressora e divertida.

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Este artigo foi originalmente publicada na edição colombiana da VICE Magazine.

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